S@pphire

 
registro: 06/05/2010
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Nossa grandeza e nossa pequeneza


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Queremos colo, mas dizemos que estamos cansados. Desejamos ser ouvidos, mas falamos com aspereza. Temos medo, e em vez de buscar um refúgio, nos irritamos com facilidade. Estamos sensíveis, por isso endurecemos.

Somos grandes e pequenos ao mesmo tempo, mas só mostramos uma face, nem sempre a melhor. Manter certa distância de nossos sentimentos facilita o diálogo, mas não traduz quem somos de verdade...

...Nossa grandeza diz que somos dignos de amar e sermos amados, que estamos no rumo certo, que podemos desejar um monte de coisas, que tudo é possível para quem tem fé, que um dia ruim é passageiro, que a vida é muito boa, que é bom ter a casa cheia, que nunca é tarde para investir num sonho, que somos seres que necessitam de amigos. Nossa pequeneza nos coloca em dúvida em relação ao presente e futuro, nos amedronta diante da novidade, nos afasta das pessoas, diminui nosso amor próprio, afugenta a proximidade dos outros.

Mas ninguém é uma coisa ou outra. Tanto a grandeza quanto a pequeneza têm espaço dentro de nós, e vêm à tona sem que nos programemos para isso. Então o negócio é nos conhecermos melhor _ e aprendermos com os erros. Quem sabe assim a gente se habitue a buscar a realidade recheada de verdade, e descubra que um cansaço é só um cansaço, e não precisa ser mascarado com frieza e distanciamento. Que a vontade de ganhar um abraço muitas vezes tem que ser dita, e que isso não diminui a validade do gesto. Que querer um colo de vez em quando é normal, e nos aproxima um tanto também. Que a tristeza existe, e acusa um monte de verdades que precisamos parar para ouvir. Que depois de senti-la por inteiro, ela vai embora.

E que só quem não tem medo de ficar triste consegue ser feliz por inteiro.




__ Fabíola Simões