S@pphire

 
registro: 06/05/2010
Evolua tanto que os outros precisarão conhecer você de novo.
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1 ano 153 dias h

¨¨ Eu não sabia


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"Eu não sabia, Senhor, que o mundo
era tão vasto e doloroso.
E que, desejando a vastidão do mundo,
meu coração conheceria também a vastidão da dor.
Por que, Senhor meu, permitiste que eu tentasse
fugir da minha pequenez?
Por que me deste todos esses sonhos muito
maiores do que eu?"

Caio F. Abreu

¨¨ REFAZENDO ESCOLHAS


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Estou abandonando os excessos com dedicação, disciplina e com todo o cuidado que uma despedida pede para que não seja traumática demais. Eu só soube que estava tudo errado com as minhas atitudes quando elas não serviram mais pra sustentar minha leveza. Foi quando tudo que antes era divertido terminou por me machucar por dentro e plantar no meu olhar uma tristeza sem horizontes alcançáveis. Quando tive que começar a me explicar demais, quando meus personagens foram morar nos meus atores e começamos a viver realmente as dores que inventei, foi quando decidi matar a autora de tantos dramas pra cuidar da casa, regar as plantas e me isolar um pouco enquanto reavaliava quais seriam meus próximos passos. (A minha intensidade não pode continuar servindo de tripé para tanta agonia). Preciso pontuar as histórias, delimitar certos espaços, dissolver conflitos, definir minhas relações e preservar um resto de sanidade que há em mim.(Nunca fui misteriosa, mas expor minhas vísceras na luz mais nítida do dia têm me feito contorcer de desprazer).

A imagem que tenho é a de uma ponte interrompida que desistiu de promover encontros e transformou a metade do caminho de uma possibilidade de relacionamento, num precipício inda mais perigoso, composto por abismo e correnteza. (O estalo seco de um tombo anterior ainda ecoa). E a ressaca de tantos mal-entendidos me empurram pruma nova busca.Vou silenciar um pouco enquanto refaço o mapa do meu destino e elimino definitivamente essa geometria de triângulos que só serviram pra me espetar com suas pontas tão agudas.Talvez eu consiga seguir mais lúcida e tornar a falta de embriaguez suportável.Quero precisar cada vez menos de tantas próteses e do uso dessa desculpa da poesia que brota daquilo que mais dói em nós.Vou abrir a janela para que o ar circule e recicle toda essa energia estagnada. Não preciso mais de tanto contato com as coisas, tenho exagerado nos meus mergulhos e usado lupas que distorcem as imagens. Agora eu só quero me preocupar com uma nova disposição dos móveis na casa enquanto ponho as roupas sujas na máquina de lavar.


 Marla de Queiroz

¨¨ Ontem eu me permiti...



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Ontem eu me permiti...me permiti chorar perdas,, me permiti isolar, me permiti sentir tristeza, me permiti "ser" humana e deixei a alma arregaçar as mangas e abusar da minha dor, das minhas tolices, dos meus erros , da minha insistência em querer o que não era pra ser . Mas hoje em mim não ha sentimento, não há falta, não há dor , não há saudade , não há lembranças, não há tristeza ... Há apenas um coração que pulsa em uma nova direção. Eu me permito recomeçar todos os dias , sem retalhações do ontem.

Cecília Sfalsin

¨¨ Quero pedir menos desculpas...


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✿*´¨)*
¸.•*¸.• ✿´¨).• ✿¨)
(¸.•´*(¸.•´*(.¸. •* ✿Quero olhar pra frente.Quero pedir menos desculpas, sentir menos culpa. Quero mais chão, pouco vão e mais bolinhas de sabão. Quero ousar mais. Experimentar mais. Quero menos ”mas”. Quero não sentir tanta saudade. Quero mais e tudo o mais. E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha. 

____________________Fernando Pessoa.

¨¨ Esperei pelas asas...



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Ergui os braços aos céus e rodopiei, com os pés assentes na areia úmida e fria. No céu cintilava um universo de estrelas e a lua refletia, incompleta e crescente, no alvoroço de um oceano feito em lágrimas.
Não fiz caso das pessoas que passavam na rua, de sobrolho franzido, amaldiçoando o Inverno. E, talvez por isso, de alguma forma, elas também não perderam tempo a olhar para mim: criança adulta ou mulher inocente, dançando ao som das ondas. Feliz, completa. Tão, tão feliz.
A memória inconstante chegava e partia como as ondas, firmes e difusas, em marés de saudade. E o vento, vindo desse Norte agreste, veio dançar comigo, trazendo o aroma adocicado de terras distantes.
Um dia disseste-me para abrir as asas. Para as abrir com a simplicidade de ser eu. E isso significava que sabias que eu podia voar. Hoje danço, porque compreendi a verdade. Tive sempre as asas abertas, da mesma forma que te tive sempre, qual corrente de aço, agarrada aos pés. Com o tempo deixei de precisar de voar. Acorrentada à saudade, à solidão, ao medo, à dor… a todos esses sentimentos que deixam de ser tristes e me acolheram nos braços.
Antes, fiz da dor o meu Abrigo. Mas hoje danço. Ergo os braços aos céus e mergulho os pés na água fria do oceano. Danço. Danço de asas abertas e sem temor. Já não te tenho, qual grilhetas pesando. Tenho apenas as memórias sólidas e concretas. Distantes... desertas de ti.
E, rodopiando, de asas abertas, dou por mim a subir aos céus de possibilidades que nem sabia que havia em mim. Descubro que há uma beleza subtil na alma que julgava que não tinha. Descubro que o lugar vazio de onde arranquei o coração foi de súbito preenchido pela certeza de que poderei sempre amar. Talvez não ame da mesma forma. Mas posso amar com a mesma força, o mesmo alento, a mesma paixão. Posso amar tanto quanto o amor diz.
Fada de Inverno num conto misterioso chamado vida, descubro voando que viverei sempre na paz de ter cumprido todas as promessas que te fiz. Na paz de saber que não espero nem desejo que cumpras a tua.
De asas abertas, e sem olhar o chão distante, descubro que vale a pena ser a pessoa que ama, apesar da mágoa. Mesmo que não resulte. Mesmo que magoe. Vale a pena ser a pessoa cujo coração bate, cuja alma permanece intacta, cujos sentidos permanecem sólidos.
Esperei. Julguei que era por ti. Não era. Esperei pelas asas. Esperei por abrir as asas. E hoje sei que valeu o medo, o sofrimento, a mágoa. O mundo é mais bonito visto do alto... e só pode ter asas quem tem coração. 

__________________________Marina Ferraz.